Entrevista a Jibóia
por Joana Inês Moreira
1 – Em menos de dois anos, a Jibóia já foi alimentada com dois trabalhos. O primeiro foi o EP de estreia e agora “Badlav”. Como é que está a correr a apresentação deste último disco?
Bem. Acho que as pessoas têm gostado da experiência ao vivo. Pelo menos continuam a aparecer (cada vez mais) nos concertos. E já há poucas que saem a meio...
2 – O teu trabalho foi apenas instrumental, mas o disco “Badlav” para além de ser composto por ti, tem a ajuda de Ana Miró. Alguma vez pensaste dar uma voz também a este projeto?
Falas de ter a minha voz? Ou se já tinha pensado antes da Miró em ter uma voz em Jibóia? No início não pensei muito nisso, mas depois de ter convidado a Miró para tocar comigo a “Tuareg” ao vivo, e depois de termos experimentado usar a voz dela na última música do EP, achámos que tínhamos mesmo de fazer qualquer coisa com a voz dela. Caiu mesmo bem ali. E foi aí que começamos a compôr o Badlav.
3 – Podemos esperar novas experiências musicais com a assinatura dos dois?
Parte do "conceito" de JIBÓIA passa por poder ter várias colaborações / assinaturas no meio desta salganhada. A Miró foi a primeira, já aconteceram outras com outros amigos, e vão continuar a acontecer. Ainda que provavelmente o próximo disco (ou o que for), não venha a ser igual a este, vão continuar a acontecer mais "experiências musicais" com a Miró de certeza, no futuro.
4 - “Badlav” é composto por quatro canções, que representam as quatro fases do mundo na filosofia hindu e as faixas remetem-nos também para as ambiências orientais que já pautam habitualmente o teu trabalho. Quais são as referências e as influências que alimentam a Jibóia?
São muitas e dispersas. Desde as compilações de música africana da Awesome Tapes from Africa ou Analog Africa, até cãnticos sufi, passando pelas caraíbas do El Guicho, os teclados irritantes do Omar Soulemay, o Casio, as chamuças com o fino do fim da tarde, o Arroz de Navalheira do jantar…
5 – O disco teve uma edição especial em vinil. Essa opção reflete a forma como gostas também de ouvir e materializar a música?
Sim, muito. É uma espécie de ritual ouvir música em vinil. Não é natural do nosso tempo, como era para os nossos pais. Foi algo que me ficou de quando era pequeno. Tenho pena de não conseguir comprar muitos discos, não tenho uma colecção muito grande. Mas adoro "materializar" a música deste modo, mais analógico. O próprio artwork ganha imenso, por poder ser impresso tão grande, num papel melhor do que se fosse num CD.
6 – A cobra está a ficar cada vez mais viajada. Já tocou no mesmo espaço de Jon Hopkins e em Setembro foi até ao Liverpool International Festival of Psychedelia. Como é que correram estas experiências em palco?
Correram bem. Esses concertos maiores são aqueles onde pensas demais, e regra geral lembras-te mais da noite, do ambiente, do que comeste ao jantar, dos concertos das outras bandas, do que propriamente de como correu o teu. Abrir para Jon Hopkins, por exemplo, foi um prazer enorme, lembro-me bem do estalo que foi o concerto dele, com o subgrave bem sub e bem grave a bater-me na barriga. Em Liverpool os Black Bombaim deram um dos melhores concertos da vida e nem me apetecia subir para ao palco a seguir a eles terem tocado, acho que a noite acabava ali na boa… Mas os concertos correram bem, é sempre uma experiência imensa os concertos maiores ou lá fora.
7 – Para além da Jibóia, também já participaste e formaste algumas bandas como “I Had Plans” ou “Papaya”. Como é que está a correr a experiência a solo? Traz uma maior liberdade criativa?
Já participei e participo! Houve uma altura que tinha muitas (muitas) bandas ao mesmo tempo, e tocar em banda é a melhor experiência de música que podes ter. Muito diferente do que tocar sozinho. Mas sempre me interessou ter um projecto em que pudessse estudar sozinho, controlar tudo eu. A liberdade criativa é maior, claro. Mas não é por isso que me deixo sempre sozinho na sala de ensaios. O que me interessa é criar sozinho o conceito, depois arranjo sempre maneira de voltar às colaborações, o que faz com que volte um bocado à "banda".
8 – A tua veia criativa não se fica pela música, também és designer. Tem sido complicado conciliar estes dois trabalhos?
Para já não. Tem corrido bem porque tenho alguma liberdade no trabalho que me permite conseguir fazer as duas coisas. Mas têm de ser bem equilibradas: se quiser puxar um bocado mais por uma delas, a outra terá de ficar de parte.
9 - Já tiveste a oportunidade de estabelecer uma ligação entre eles e dar também uma imagem à Jibóia?
Sim, no início fiz algumas coisas. Mas tal como as colaborações musicais, vejo JIBÓIA também como uma plataforma em que posso colaborar com outros artistas, designers, fotógrafos, que vão com certeza fazer um trabalho melhor (pelo menos diferente) do meu. Estou mais interessado em controlar a parte musical, por agora.
10 – Como foi actuar no Boiler Room?
Um bom concerto, ao contrário do que estava à espera. Pensei que ia ser muito baseado na gravação e no streaming, e em câmaras por todo o lado, e que isso iria denegrir o espaço e o som. Mas no final o som estava bem alto e estava a sentir tudo bem. Havia gente, bastante, outra coisa que não esperava. Pena terem ficado todos muito atrás, e não ter havido mais festa…mas àquela hora é normal, hora de jantar, estava a noite ainda a começar.
Bem. Acho que as pessoas têm gostado da experiência ao vivo. Pelo menos continuam a aparecer (cada vez mais) nos concertos. E já há poucas que saem a meio...
2 – O teu trabalho foi apenas instrumental, mas o disco “Badlav” para além de ser composto por ti, tem a ajuda de Ana Miró. Alguma vez pensaste dar uma voz também a este projeto?
Falas de ter a minha voz? Ou se já tinha pensado antes da Miró em ter uma voz em Jibóia? No início não pensei muito nisso, mas depois de ter convidado a Miró para tocar comigo a “Tuareg” ao vivo, e depois de termos experimentado usar a voz dela na última música do EP, achámos que tínhamos mesmo de fazer qualquer coisa com a voz dela. Caiu mesmo bem ali. E foi aí que começamos a compôr o Badlav.
3 – Podemos esperar novas experiências musicais com a assinatura dos dois?
Parte do "conceito" de JIBÓIA passa por poder ter várias colaborações / assinaturas no meio desta salganhada. A Miró foi a primeira, já aconteceram outras com outros amigos, e vão continuar a acontecer. Ainda que provavelmente o próximo disco (ou o que for), não venha a ser igual a este, vão continuar a acontecer mais "experiências musicais" com a Miró de certeza, no futuro.
4 - “Badlav” é composto por quatro canções, que representam as quatro fases do mundo na filosofia hindu e as faixas remetem-nos também para as ambiências orientais que já pautam habitualmente o teu trabalho. Quais são as referências e as influências que alimentam a Jibóia?
São muitas e dispersas. Desde as compilações de música africana da Awesome Tapes from Africa ou Analog Africa, até cãnticos sufi, passando pelas caraíbas do El Guicho, os teclados irritantes do Omar Soulemay, o Casio, as chamuças com o fino do fim da tarde, o Arroz de Navalheira do jantar…
5 – O disco teve uma edição especial em vinil. Essa opção reflete a forma como gostas também de ouvir e materializar a música?
Sim, muito. É uma espécie de ritual ouvir música em vinil. Não é natural do nosso tempo, como era para os nossos pais. Foi algo que me ficou de quando era pequeno. Tenho pena de não conseguir comprar muitos discos, não tenho uma colecção muito grande. Mas adoro "materializar" a música deste modo, mais analógico. O próprio artwork ganha imenso, por poder ser impresso tão grande, num papel melhor do que se fosse num CD.
6 – A cobra está a ficar cada vez mais viajada. Já tocou no mesmo espaço de Jon Hopkins e em Setembro foi até ao Liverpool International Festival of Psychedelia. Como é que correram estas experiências em palco?
Correram bem. Esses concertos maiores são aqueles onde pensas demais, e regra geral lembras-te mais da noite, do ambiente, do que comeste ao jantar, dos concertos das outras bandas, do que propriamente de como correu o teu. Abrir para Jon Hopkins, por exemplo, foi um prazer enorme, lembro-me bem do estalo que foi o concerto dele, com o subgrave bem sub e bem grave a bater-me na barriga. Em Liverpool os Black Bombaim deram um dos melhores concertos da vida e nem me apetecia subir para ao palco a seguir a eles terem tocado, acho que a noite acabava ali na boa… Mas os concertos correram bem, é sempre uma experiência imensa os concertos maiores ou lá fora.
7 – Para além da Jibóia, também já participaste e formaste algumas bandas como “I Had Plans” ou “Papaya”. Como é que está a correr a experiência a solo? Traz uma maior liberdade criativa?
Já participei e participo! Houve uma altura que tinha muitas (muitas) bandas ao mesmo tempo, e tocar em banda é a melhor experiência de música que podes ter. Muito diferente do que tocar sozinho. Mas sempre me interessou ter um projecto em que pudessse estudar sozinho, controlar tudo eu. A liberdade criativa é maior, claro. Mas não é por isso que me deixo sempre sozinho na sala de ensaios. O que me interessa é criar sozinho o conceito, depois arranjo sempre maneira de voltar às colaborações, o que faz com que volte um bocado à "banda".
8 – A tua veia criativa não se fica pela música, também és designer. Tem sido complicado conciliar estes dois trabalhos?
Para já não. Tem corrido bem porque tenho alguma liberdade no trabalho que me permite conseguir fazer as duas coisas. Mas têm de ser bem equilibradas: se quiser puxar um bocado mais por uma delas, a outra terá de ficar de parte.
9 - Já tiveste a oportunidade de estabelecer uma ligação entre eles e dar também uma imagem à Jibóia?
Sim, no início fiz algumas coisas. Mas tal como as colaborações musicais, vejo JIBÓIA também como uma plataforma em que posso colaborar com outros artistas, designers, fotógrafos, que vão com certeza fazer um trabalho melhor (pelo menos diferente) do meu. Estou mais interessado em controlar a parte musical, por agora.
10 – Como foi actuar no Boiler Room?
Um bom concerto, ao contrário do que estava à espera. Pensei que ia ser muito baseado na gravação e no streaming, e em câmaras por todo o lado, e que isso iria denegrir o espaço e o som. Mas no final o som estava bem alto e estava a sentir tudo bem. Havia gente, bastante, outra coisa que não esperava. Pena terem ficado todos muito atrás, e não ter havido mais festa…mas àquela hora é normal, hora de jantar, estava a noite ainda a começar.